2 Mai | Redes Sociais enquanto commodities políticas 📣 & o Facebook recupera
A pandemia acabou oficialmente, mas felizmente ainda temos a guerra e a inflação
Bem-vindo(a) à digital brief! :-)
A recente compra do Twitter pelo empresário Elon Musk leva a um necessário período de reflexão, para nós profissionais do marketing. O que significam hoje em dia estas redes e de que forma, ao financiá-las, estamos a promover as suas agendas cada vez mais politizadas?
Vejamos as principais:
Facebook (2.9 biliões de MAUs) - embora o CEO Mark Zuckerberg apenas tenha cerca de 17% das acções, ele controla 90% das acções de classe B, o que praticamente torna a empresa uma empresa particular. O Zuck não se declara nem Democrata nem Republicano e, embora tenha criticado Trump, ajudou-o bastante quando ele era presidente. Basicamente ele é pelo dinheiro, uma “neutralidade” que o deixou vulnerável à influência da polarização extrema da sociedade Norte-Americana. Os 2 maiores investidores institucionais no Facebook são o Vanguard Group e a Blackrock (ambos mais centro-direita). Coincidência ou não, esta é a rede onde o controlo dos conteúdos tem sido menos eficaz, com consequências bastante negativas a nível global.
YouTube (2.2 biliões de MAUs) - a Google é controlada pelos seus fundadores, Page e Brin, que, como Zuck, têm uma classe de acções especial. Os fundadores do Google parecem claramente mais alinhados com a esquerda Democrata do que com os Republicanos. Embora não seja um exemplo brilhante de moderação de conteúdos, tem sido mais eficaz do que o Facebook (provavelmente porque dedicou mais recursos a isso).
WhatsApp (2 biliões de MAUs) - ver Facebook
Instagram (2 biliões de MAUs) - ver Facebook
Facebook Messenger (1.3 biliões de MAUs) - ver Facebook
WeChat (1.26 biliões de MAUs) - propriedade da Tencent, que por sua vez é detida por vários investidores institucionais (entre os quais a Blackrock). No entanto, como acontece com todas as empresas tecnológicas na China, o controlo da empresa está nas mãos dos reguladores governamentais (que, claro, são leais ao Partido Comunista).
TikTok (1 bilião de MAUs) - propriedade da ByteDance, o TikTok supostamente é independente do governo Chinês, mas, surpresa das surpresas, o governo Chinês pode pensar o contrário. O capital está bastante diluído, mas nas mãos de algumas empresas dos EUA, como a Sequoia. O CEO, Zhang Yiming, tem 22% da empresa.
É incrível como o panorama é controlado basicamente por 3 pessoas (Zuck + os fundadores do Google) e 2 países (EUA e China). Players “secundários” como os grandes fundos de investimento Norte-Americanos aparecem nas sombras, como garantes de uma segurança que tende muito para a direita do espectro político (que favorece os mais ricos). A esquerda socialista Chinesa, tenta ao máximo aliar o capitalismo à censura mas entra em modo ouroboros. A divisão esquerda-direita não é clara hoje em dia, ao contrário do que se possa pensar, havendo uma sim uma preponderância para decisões fundamentalmente económicas (o que favorece a plataforma é a decisão certa).
INSIGHT-CHAVE
Vivemos numa realidade estranha onde alguns indivíduos controlam cada vez mais a opinião pública (o que, diga-se, não é novidade; sempre existiram estes monopólios), mas, se há algum consolo é que no fim do dia o dinheiro é quem realmente controla as coisas, não as pessoas. As plataformas são agnósticas e só querem crescer. Os profissionais de marketing, se querem fugir deste inferno, só podem rezar e implementar mais ferramentas de 1st party data como bases de email marketing e um bom CDP. A questão-chave é como atingir escala sem depender destas plataformas internacionais… A resposta leva inevitavelmente a maior dispersão de investimentos e a um planeamento de meios bem mais complexo.
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TRENDING
O Facebook recuperou finalmente da queda trágica de Fevereiro, com bons resultados no Q1 de 2022. Não está fácil ser CFO da Meta. Apesar de revelar ainda muitos problemas (por exemplo queda de MAUs na Europa e falta de identificadores por causa da ATT), o Facebook parece estar ainda a conseguir crescer em países emergentes na Ásia, no que parece ser um sinal que agrada muito aos mercados (sobretudo pós-pandemia e depois das notícias da Netflix).
Numa notícia que parece ter passado ao lado da maior parte dos analistas, o Mark disse também que vai desacelerar o investimento no Metaverso, tendo já queimado 20 biliões no projecto desde 2020 (sem mostrar muito em troca). Basicamente vai ter de continuar a focar-se no que faz dinheiro por agora, porque senão vai ficar sem dinheiro para brincar na realidade virtual. Leiam aqui o post completo do Zuck se tiverem paciência.
ICYMI
O fim da pandemia está aí, se formos pelos indicadores de crescimento mais recentes dos FAANG. Basicamente o pessoal está a começar a sair de casa outra vez, a deixar de ver tanta Netflix e a comprar menos cenas na Amazon.
NOTÍCIAS
- O Google diz que os Shorts estão a gerar 30 biliões (!) de views por dia
- Entretanto vai ser possível recusar todos os cookies do Google na EU
- O Google introduziu também novas features nas campanhas Performance Max
- Num documento interno o Facebook confessa que não sabe o que faz com os dados…
- O Instagram diz que os Reels já contam para 20% do tempo passado na app
- Reels que provavelmente vão passar a ter opção de 90 segundos
- A nova trend no TikTok? Shaking
- E agora é possível saber quem viu o nosso perfil no TikTok (LinkTok anyone?)
- O TikTok também vai passar a permitir usar dados 1st party nas suas cookies
- A Snap lançou um mini-drone (porque Gen Z que é Gen Z precisa de um mini-drone)
- A EU vai exigir que as redes sociais mostrem como funcionam os seus algoritmos
- Como bom bully que é, o Musk já fez uma executiva do Twitter chorar
- O GrupoM introduziu algumas restruturações a nível mundial
ARTIGOS/ENTREVISTAS
- Será a Netflix com anúncios uma oportunidade para o sector CTV?
- If Elon Musk wants to fix Twitter, he should focus on creators and subscriptions
- A Murder Solved in DMs
- Snapchat’s Evan Spiegel dismisses Facebook’s metaverse as ‘hypothetical’
GUIAS/REPORTS/ESTUDOS/DICAS/CURSOS
- Um estudo chegou à conclusão que a Amazon usa o som das suas colunas
- Mais detalhes do estudo e da reacção da Amazon, aqui
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